A rotina de um profissional de saúde – seja você médico, dentista ou de outra área afim – é frequentemente marcada por longas horas, decisões de alto risco e uma carga emocional intensa. Você se dedicou anos à sua formação, alcançou sucesso profissional e cuida da saúde e bem-estar de seus pacientes com excelência. No entanto, por trás da sua expertise e da sua clínica bem-sucedida, existe um desafio crescente e muitas vezes silencioso: a ansiedade.
Essa ansiedade não é um sinal de fraqueza, mas sim uma resposta previsível aos estressores presentes na sua vida e na sua profissão. É um problema que afeta muitos, mas é raramente discutido abertamente.
O palco da pressão: Por que a ansiedade atinge em cheio a área da saúde?
Os profissionais de saúde não apenas tratam doenças; eles gerenciam expectativas, lidam com a dor, com famílias e, em última instância, se responsabilizam pela qualidade de vida e até pela própria vida de seus pacientes.
Aqui estão os principais fatores que transformam essa rotina em um campo fértil para a ansiedade:
1. A carga de trabalho e a pressão do tempo
- Alto Volume de Atendimentos: A necessidade de encaixar muitos pacientes no dia, gera uma sensação constante de “correr contra o relógio”.
- Decisões Rápidas e Consequências: Um pequeno erro de cálculo ou uma falha de comunicação podem ter consequências sérias. A pressão por acerto é implacável.
2. A dupla jornada: Clínico e Gestor
Para muitos dentistas e médicos que administram suas próprias clínicas ou consultórios, a pressão não pára no tratamento.
- Gerenciamento Financeiro e Burocracia: Lidar com folha de pagamento, impostos, fornecedores e marketing tira o foco do cuidado e adiciona uma camada de estresse administrativo.
- A “Clínica Vazia”: A preocupação com a atração e retenção de pacientes é um estressor financeiro que se soma à pressão clínica.
3. O fardo emocional e a exaustão (Burnout)
- Empatia Constante: Profissionais de saúde absorvem o sofrimento, o medo e a frustração dos pacientes diariamente, levando à fadiga por compaixão. Se preocupam, sentem a dor do paciente, se colocam no lugar deles.
- Perfeccionismo e Autocrítica: O desejo de ser o melhor e a dificuldade em aceitar que nem todos os resultados dependem de você podem levar a uma autocrítica destrutiva e exaustão (Burnout).
Como a ansiedade se manifesta na sua rotina
Para o profissional de saúde, a ansiedade raramente se apresenta como um medo óbvio. Ela se disfarça em:
- Irritabilidade e Paciência Reduzida: Ficar impaciente com a equipe ou ter reações exageradas a pequenos contratempos.
- Dificuldade para Desligar: Levar as preocupações do consultório para casa, ter insônia ou acordar no meio da noite pensando em casos.
- Sintomas Físicos: Dores de cabeça tensionais, dores musculares, problemas digestivos e uma sensação constante de “nó no estômago”.
- Procrastinação ou Hiperfoco Ineficaz: Passar horas trabalhando, mas sem a produtividade habitual, ou adiar tarefas importantes da gestão da clínica.

O caminho para o equilíbrio: O que a Terapia Comportamental pode fazer por você
Se você se identificou com esse quadro, saiba que existe uma forma de recuperar o equilíbrio sem precisar abandonar sua carreira de sucesso. A Análise do Comportamento Aplicada – a base da abordagem que utilizo – oferece ferramentas práticas e objetivas para lidar com esses estressores.
Essa abordagem não foca apenas nos seus sentimentos, mas sim em como seu ambiente e suas ações estão se relacionando para produzir a ansiedade, como você pode alterar situações da sua rotina ou melhorar sua forma de ver e sentir as situações.
Algumas maneiras da Terapia Comportamental ajudar um profissional de saúde:
- Identificação de Padrões Estressores: Juntos, mapeamos o que na sua rotina (seja na sala de cirurgia ou na administração da clínica) está mantendo sua ansiedade.
- Desenvolvimento de Habilidades de Resposta: Você aprende técnicas para responder de forma mais funcional a situações estressantes, como atrasos, pacientes difíceis ou crises de gestão. Por exemplo, em vez de ruminar sobre um erro, você aprende a fazer uma análise funcional da situação, para evitar o erro no futuro, treinar respostas mais assertivas e redirecionar sua atenção para o presente.
- Conexão com valores e objetivos de vida: quando estamos conectados com o nosso motivo pessoal, com valores que nos movem, fica mais leve entender se a ansiedade é algo que podemos diminuir ou precisamos senti-la. Entender a função da ansiedade na vida muda a forma como a encaramos.
- Gestão de Tarefas e Metas (Comportamento de Organização): Ajudamos você a estruturar sua agenda e a delegar tarefas da gestão de forma mais eficaz, separando o profissional clínico do gestor para que um não sobrecarregue o outro.
Lembre-se: Cuidar da sua saúde mental não é um luxo, é uma necessidade para continuar oferecendo a excelência que seus pacientes merecem. Não espere a exaustão total.
Sobre a Autora:
Andressa Tripiana é psicóloga especializada em Terapia Comportamental com foco em transtornos de ansiedade, TDAH e Transtorno de Personalidade Borderline (DBT). Ela utiliza a Abordagem comportamental baseada em evidências para ajudar profissionais de alta performance a reequilibrar suas vidas. Clique aqui e saiba mais sobre o trabalho de Andressa Tripiana.
